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Neste sábado, 19 de abril, o Brasil celebra o Dia dos Povos Indígenas, uma data que vai muito além da lembrança folclórica: é um momento de reconhecimento, respeito e valorização dos verdadeiros primeiros habitantes desta terra.
Muito antes da chegada dos colonizadores portugueses, em 1500, milhares de povos indígenas já viviam no território brasileiro, com culturas, línguas, tradições e formas de organização próprias. São eles os verdadeiros guardiões das florestas, dos rios, das montanhas e de um vasto conhecimento ancestral que, ainda hoje, é fundamental para a preservação da natureza e da identidade nacional.
Ao contrário do que muitas vezes foi ensinado nos livros didáticos do passado, os povos indígenas não são apenas parte do início da história do Brasil – eles são protagonistas dela.
Estima-se que, antes da chegada dos portugueses, havia mais de 1.000 povos diferentes espalhados por todo o território. Cada grupo com sua própria língua, cultura, espiritualidade e forma de viver em harmonia com a natureza.
Com a colonização, esses povos enfrentaram séculos de violência, doenças, invasões e tentativas de apagamento cultural. Mesmo assim, resistiram. Resistência, aliás, é uma palavra que define bem os povos indígenas do Brasil.
Hoje, o Brasil abriga cerca de 1,7 milhão de indígenas, segundo o Censo de 2022, pertencentes a mais de 300 etnias e falantes de mais de 270 línguas indígenas. Eles vivem em aldeias, comunidades urbanas, territórios tradicionais e seguem lutando diariamente por seus direitos, por suas terras e pelo respeito às suas culturas.
Os povos indígenas não estão apenas nas páginas da história, mas presentes, atuantes, ensinando e reivindicando seu lugar em uma sociedade que muitas vezes ainda insiste em ignorá-los.
Samela Sateré Mawé, representante indígena da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), destaca a importância do apoio à causa indígena."As pessoas podem apoiar a causa lutando conosco, fortalecendo candidaturas indígenas, votando em parentes indígenas, seguindo perfis indígenas e ajudando a não propagar estereótipos, não circular desinformação e fake news", salientou.
Outra liderança indígena, Dinam Tuxá, também da Apib, ressalta a importância do respeito à autonomia e protagonismo dos líderes indígenas."Nós construímos estratégias políticas, de incidência jurídica e de comunicação de modo que nossas pautas e reivindicações sejam acessíveis a todo e qualquer interessado", pontuou.
Já Rose Meire, do Podáali, enfatiza a necessidade de apoio internacional. "Ao que parece, os apoiadores internacionais compreendem melhor a nossa importância, não apenas para o Brasil, mas para o planeta", completou.
Apesar dos avanços conquistados na Constituição de 1988, como o reconhecimento do direito à terra, muitos povos indígenas ainda enfrentam ameaças constantes de invasão, desmatamento ilegal e projetos que colocam em risco seus modos de vida.
A demarcação de terras, o acesso à saúde, educação de qualidade e o respeito às suas formas de organização continuam sendo demandas urgentes.
Celebrar o 19 de abril, portanto, não é apenas lembrar o passado, mas olhar para o presente e agir por um futuro mais justo, onde os povos originários sejam ouvidos, respeitados e valorizados.
Neste 19 de abril, mais do que celebrar, é preciso refletir e aprender com os povos indígenas. Sua sabedoria ancestral, seu respeito pela terra e seu modo de vida sustentável são lições urgentes em um mundo cada vez mais marcado pela crise climática e pela desigualdade. Eles são os primeiros brasileiros. E a história do nosso país não pode – e não deve – ser contada sem eles.
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