Morre Papa Francisco aos 88 anos: o primeiro pontífice das Américas e símbolo de uma Igreja mais próxima dos humildes

O mundo amanheceu de luto nesta segunda-feira, 21 de abril. O Papa Francisco, líder da Igreja Católica desde 2013, faleceu aos 88 anos, no Vaticano. O anúncio oficial foi feito pelo Camerlengo Kevin Farrell, da Casa Santa Marta, residência oficial do pontífice.

“Às 7h35 desta manhã, o Bispo de Roma, Francisco, retornou à casa do Pai. Toda a sua vida foi dedicada ao serviço do Senhor e da Igreja”, declarou Farrell, emocionado.

Apesar da saúde frágil nos últimos anos, Francisco surpreendeu os fiéis ao aparecer, ainda neste domingo (20), na sacada da Basílica de São Pedro para a tradicional mensagem de Páscoa "Urbi et Orbi" — sua última bênção pública.

“Com imensa gratidão por seu exemplo como verdadeiro discípulo do Senhor Jesus, recomendamos a alma do Papa Francisco ao infinito amor misericordioso do Deus Trino”, completou o cardeal.

O primeiro Papa latino-americano
Nascido Jorge Mario Bergoglio, em Buenos Aires, Argentina, Francisco foi o primeiro Papa das Américas, o primeiro jesuíta a ocupar o posto e também o primeiro a adotar o nome de São Francisco de Assis, em homenagem à simplicidade e amor pelos pobres.

Filho de imigrantes italianos e o mais velho de cinco irmãos, Bergoglio formou-se técnico em química antes de seguir a vocação religiosa. Ordenado sacerdote em 1969, destacou-se por seu trabalho pastoral com os mais necessitados, até ser nomeado arcebispo de Buenos Aires e, mais tarde, cardeal, em 2001, por João Paulo II.

✝ Um pontificado marcado pela compaixão e reformas
Durante os 12 anos à frente da Igreja Católica, Francisco buscou uma Igreja mais aberta, acolhedora e voltada aos pobres e marginalizados. Seus apelos por justiça social, paz e preservação ambiental marcaram profundamente o seu legado.

Entre suas decisões mais emblemáticas estão:

O reconhecimento da bênção a casais do mesmo sexo, em 2023;

A nomeação histórica de uma mulher para liderar um dicastério do Vaticano, em 2025;

O apelo global por um cessar-fogo nos conflitos entre Rússia e Ucrânia e na Faixa de Gaza;

A canonização de José Allamano com milagre ocorrido na Amazônia brasileira;

E sua postura firme diante das mudanças climáticas, chamando o mundo à responsabilidade.

Uma mensagem de paz até o fim
Mesmo com a saúde debilitada por bronquites, quedas e uso frequente de cadeira de rodas, Francisco manteve sua agenda até os últimos dias. Em 2024, já se falava sobre uma possível renúncia, mas ele descartava essa hipótese. “Não tenho motivos sérios o suficiente para desistir”, afirmou, em entrevista.

Seu último grande gesto foi a bênção de Páscoa deste domingo, onde, visivelmente abatido, deixou sua última mensagem de esperança ao mundo.

Um legado que ecoa
Papa Francisco sucedeu o papa emérito Bento XVI, que renunciou em 2013, e presidiu seu funeral dez anos depois. Ao longo do papado, Francisco se tornou símbolo de humildade, inclusão e renovação da fé cristã em tempos de profundas mudanças sociais e culturais.

Sua morte encerra um capítulo importante da história da Igreja Católica e deixa uma lacuna entre os fiéis de todo o mundo, que hoje se despedem de um pastor do povo, voz dos que sofrem e defensor incansável da paz e da justiça.