O cenário da produção de milho 2ª safra 2024/2025 em Mato Grosso do Sul está cada vez mais desafiador. Em entrevista ao programa Tereré na Band, da rádio Band FM Coxim, o engenheiro agrônomo, produtor rural e diretor da Aprosoja/MS, Eduardo Introvini, trouxe dados e análises que escancaram a realidade no campo: produzir com lucro está cada vez mais difícil — e a resposta está na gestão técnica e na tomada de decisões estratégicas.
Segundo levantamento da Aprosoja/MS, o custo médio para produzir um hectare de milho em cultivo solteiro já chega a R$ 4.474,70, o que equivale a 89,49 sacas por hectare. Com a produtividade média estimada em apenas 81 sacas e um preço médio de R$ 50 por saca, o risco de prejuízo é evidente. “O produtor precisa entender que está lidando com um negócio. O agro hoje é extremamente técnico, e o sucesso está cada vez mais ligado à gestão eficiente dos recursos”, alertou Introvini.
Fertilizantes e sementes seguem como os principais componentes do custo, representando juntos quase 70% do total. Para o engenheiro agrônomo, o uso racional desses insumos, aliado ao manejo adequado do solo e à adoção de tecnologias de precisão, pode ajudar a equilibrar as contas. “Quem domina os números da propriedade toma melhores decisões. Não dá mais para produzir no escuro, com base apenas na experiência ou tradição”, afirmou.
Uma alternativa promissora, segundo ele, é a rotação com soja. Quando o milho é cultivado na sequência da oleaginosa, o custo médio por hectare cai para R$ 3.278,83 (ou 65,58 sacas), diluindo despesas e melhorando a rentabilidade do sistema produtivo. No entanto, essa estratégia requer planejamento agronômico minucioso.
Introvini também chama atenção para os custos indiretos muitas vezes esquecidos — como depreciação de máquinas, juros, assistência técnica e armazenagem — que, segundo ele, “impactam diretamente no caixa do produtor e devem ser incluídos no planejamento”.
Ao encerrar a entrevista, o recado foi direto aos jovens do campo: “Tenham disciplina com os números, busquem formação técnica e estejam abertos à inovação. O agro brasileiro é forte, mas só se mantém competitivo com gente preparada no campo”, concluiu.
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