O desafio da inclusão escolar voltou a ser tema de debate em Coxim após o relato de Cirleia Antônia de Souza, mãe de um menino de 7 anos diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista (TEA), de suporte 2, que denunciou agressões sofridas pelo filho dentro da Escola Municipal Estudante William Tavares de Oliveira, localizada no distrito de Silviolândia. A mãe gravou vídeos e utilizou a mídias digitais em busca de ajuda.
Segundo Cirleia, o caso mais recente ocorreu em abril deste ano. “Meu filho chegou em casa dizendo que foi enforcado e que colocaram um objeto do lixo na boca dele. Ele disse que a professora de apoio não o defendeu”, contou. Inicialmente, a docente negou o ocorrido, mas no dia seguinte, outras crianças confirmaram o relato da vítima.
A mãe afirma que não foi a primeira vez que o filho sofreu agressões dentro da escola. “Desde o ano passado, vêm ocorrendo outros episódios de violência envolvendo diferentes alunos, e a escola nunca soube tomar as medidas cabíveis”, disse. Desde então, a criança passou a apresentar sinais de regressão emocional, como enurese noturna e recusa em frequentar a escola.
A secretária municipal de Educação, Marly Nogueira, informou que todas as providências foram tomadas pela própria direção da escola, que tem autonomia para resolver questões internas. “A diretora conversou com a outra mãe envolvida, registrou ata e buscou pacificar o ambiente. A professora de apoio continua à disposição e aguarda o retorno da criança às aulas”, afirmou.
Sobre a situação envolvendo outro aluno, a secretária destacou que a criança é socialmente vulnerável e mora nas proximidades da escola, sendo inviável sua transferência com base em conflitos pontuais.
Cirleia relata que, em um momento de desespero, tentou entrar na escola para buscar explicações diretamente com a criança envolvida. “Fui barrada porque, segundo eles, eu teria ameaçado o aluno que bateu no meu filho. Mas eu estava transtornada, queria conversar com ele, entender o porquê daquilo. Não tive a intenção de agredir ninguém”, explicou. Ela acrescenta que não se sentiu acolhida naquele momento e que esperava outra postura por parte da equipe escolar.
Diante do histórico e da perda de confiança, Cirleia afirma que não pretende mais levar o filho de volta à escola atual. “Quero que meu filho estude em outro lugar, com outra professora de apoio. Ele precisa se sentir protegido e acolhido”, reforçou.
O caso evidencia a urgência de reforçar a preparação das escolas públicas para o acolhimento efetivo de crianças com autismo. Especialistas reforçam que inclusão exige não apenas estrutura física e apoio pedagógico, mas também empatia, escuta ativa e respostas adequadas diante de conflitos.
A experiência de Cirleia expõe a distância que ainda existe entre a teoria da educação inclusiva e a realidade cotidiana nas salas de aula.
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