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Com “Chefão” à frente, Coxim se destaca em Mato Grosso do Sul com trabalho pioneiro de cães farejadores no Corpo de Bombeiros

Comando liderado por uma mulher e reforçado por cães treinados, como o bloodhound de quatro anos, se consolida como referência em buscas por desaparecidos em áreas rurais e de difícil acesso

13/06/2025 às 15h29 Atualizada em 13/06/2025 às 16h50
Por: Vanessa Ferreira
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Força e união: Chefão e a equipe do Corpo de Bombeiros de Coxim, pioneira no uso de cães farejadores em Mato Grosso do Sul. Imagem: Vanessa Ferreira
Força e união: Chefão e a equipe do Corpo de Bombeiros de Coxim, pioneira no uso de cães farejadores em Mato Grosso do Sul. Imagem: Vanessa Ferreira

Em meio às vastas áreas rurais de Mato Grosso do Sul — com milharais, pastagens e extensas fazendas no Pantanal — uma dupla inusitada tem se preparando para ganhar destaque nas missões de busca por pessoas desaparecidas: bombeiros militares e seus fiéis parceiros de quatro patas. Em Coxim, esse trabalho pioneiro tem um novo nome forte à frente: Chefão, um cão da raça bloodhound, de quatro anos, especialista em rastreamento de odor específico.

Chefão é o protagonista de uma história de dedicação, estratégia e sensibilidade animal.“A gente chama de binômio, não é só o militar nem só o cachorro. É uma parceria. E o cão se torna um verdadeiro parceiro nessa missão de salvar vidas”, explicou a comandante do Corpo de Bombeiros de Coxim, capitã Rayanne Brum.

Segundo a oficial, o uso de cães farejadores no Brasil ganhou projeção nacional após a tragédia de Brumadinho, em 2019, quando esses animais foram fundamentais na localização de vítimas. Desde então, vários estados passaram a investir na técnica. Em Mato Grosso do Sul, Coxim saiu na frente, seguido da capital, Campo Grande, que hoje possui o canil mais estruturado do estado.“Temos dois cães em Coxim. Um voltado para busca de restos mortais e outro, como o Chefão, especializado no odor de pessoas vivas. A nossa área de atuação tem muitas fazendas e matas extensas. O cão consegue fazer em minutos o que levaria dias com 15 bombeiros”, destacou a comandante.

O início de tudo: de uma ideia ao resgate

Quem acompanha essa trajetória desde o começo é o sargento Luciclei, um dos idealizadores do projeto em Coxim.“Tudo começou em 2011, com uma ideia do então capitão Dupin. Fomos para São Paulo aprender com o Corpo de Bombeiros e a PM de lá. No ano seguinte, iniciamos os treinamentos com a cadela Cindy, que hoje está aposentada. Depois vieram o Rescue, o Pow e agora temos o Chefão e a Hachi”, recordou.

De acordo com o sargento, o faro é importante, mas não é tudo. "Trabalhamos também o temperamento, a cognição, o condicionamento físico. É um processo baseado em estímulo e resposta, com recompensas. Para o cão, é uma brincadeira. Para nós, é uma operação de vida ou morte. Treinamos durante o serviço e nas folgas, explicou. 

O desafio do Pantanal

Segundo o sargento Monteiro, e condutor do Chefão, o treinamento com cães é contínuo e desafiador:“Treinamos sempre aumentando a dificuldade, porque a ocorrência real exige muito. Hoje atuamos com o Chefão, um Bloodhound de 4 anos. Essa raça tem cerca de 500 milhões de células olfativas — muito acima do comum. Enquanto sentimos cheiro de pizza, ele separa o orégano, a cebola, o molho. Isso é essencial nas buscas”, informou.

Ainda segundo o sargento, a utiização do cão gerou expectativas. “Tínhamos dúvidas se o Bloodhound se adaptaria ao clima do Pantanal, mas ele superou as expectativas. Chegou com 10 meses, a certificação atrasou, mas hoje está no auge da capacidade. É um cão de grande potencial", salientou. 

O futuro é promissor

O projeto em Coxim não para. A expectativa é que ainda neste ano o cão Chefão seja oficialmente certificado.“Estamos trabalhando firme nisso. A formação completa é longa, complexa, mas temos certeza que ele será um grande aliado por muitos anos”, concluiu a capitã Rayanne.

A história do canil de Coxim, ainda pouco conhecida da população, é mais uma prova de que, quando o instinto do homem e do cão se unem, o resultado é salvamento, precisão e, muitas vezes, a chance de uma nova vida.

Dupla de confiança: Chefão e o sargento Monteiro formam o binômio que atua nas missões de busca na região norte de MS. Foto: Vanessa Ferreira

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Néia Há 1 mês Coxim/MSTrabalho muito importante para sociedade!...Parabéns e sucesso a todos os envolvidos!
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