Os ataques de cães domésticos a pessoas em vias públicas têm crescido de forma preocupante no Brasil. Cidades como Brasília e Belo Horizonte registraram aumentos expressivos nos últimos anos, revelando um problema que vai além da raça dos animais: a responsabilidade e o preparo dos tutores. No Distrito Federal, por exemplo, o número de ataques subiu 42% desde 2021, chegando a uma média de cinco por semana. Já em Belo Horizonte, os registros cresceram 171,4% em um ano, evidenciando a necessidade urgente de conscientização da população e de medidas preventivas.
Segundo adestradores e especialistas em comportamento animal, a culpa não é dos cães, mas sim da forma como são criados. Falta de socialização desde filhotes, ausência de estímulos adequados e confinamento prolongado estão entre os principais fatores que aumentam a reatividade de um animal. Além disso, cães de grande porte, como pitbulls, rottweilers e dobermans, exigem atenção redobrada em espaços públicos, incluindo o uso obrigatório de guia e focinheira em muitos municípios.
Profissionais do setor alertam que qualquer cão, independentemente da raça, pode morder se estiver assustado, se sentir ameaçado ou se for mal treinado. Por isso, o adestramento e a socialização precoce são fundamentais, especialmente até os seis meses de idade. Também é essencial manter uma rotina de atividades físicas, oferecer comandos básicos de obediência e, claro, nunca deixar o animal solto em vias públicas. Em casos de agressão, o tutor pode ser responsabilizado civil e criminalmente.
Ponta Porã
O caso mais recente que chamou atenção ocorreu em Ponta Porã (MS), no dia 29 de junho. O professor de Muay Thai Ernesto Chaves, de 33 anos, foi surpreendido por dois pitbulls enquanto fazia corrida matinal. O ataque aconteceu na Rua Jorge Roberto Salomão, na Vila Militar, a apenas 200 metros de uma creche. O lutador foi mordido nas pernas e quase teve o pescoço atingido, mas conseguiu imobilizar os dois cães puxando as coleiras com técnica e força física. Mesmo ferido, Ernesto gravou um vídeo logo após o ataque para alertar a comunidade sobre os riscos de cães soltos nas ruas. Ele sofreu escoriações, uma fratura no braço e ficou hospitalizado. O caso foi registrado na polícia, e ele pede mais rigor e conscientização sobre a guarda responsável de animais.
Adestradores consultados reforçam que o instinto de ataque pode ser prevenido com educação, controle e atenção dos tutores. Em situações de risco nas ruas, orienta-se que a pessoa permaneça calma, evite correr, gritar ou fazer movimentos bruscos, o que pode aumentar a tensão do animal. Além disso, é importante denunciar cães soltos à vigilância sanitária ou ao setor de zoonoses da prefeitura, principalmente em áreas com grande circulação de pessoas.
A solução para esse problema exige ação conjunta de tutores, poder público e comunidade. Boas práticas como uso de coleira, adestramento, castração e campanhas de conscientização podem reduzir drasticamente os casos de agressividade. Cães são animais leais e companheiros, mas precisam de limites, cuidado e orientação. Afinal, a segurança nas ruas também depende da forma como lidamos com nossos animais em casa.
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